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A Subversão do Espaço: Heterotopias nos Contos de Osman Lins


Ao publicar o ensaio Lima Barreto e o espaço romanesco no ano de 1976, o escritor pernambucano Osman Lins evidenciava a importância do espaço ficcional tanto para a estruturação quanto para a compreensão do fenômeno literário – uma categoria que até então ainda era pouco analisada pelos teóricos da literatura aqui no Brasil. Em função de seu pioneirismo, os estudos de Lins constituem referência obrigatória para pesquisadores que se propõem a investigar detidamente a categoria do espaço. É preciso salientar, contudo, que a espacialidade delineada em sua produção ficcional figura como um dos elementos mais densos e intrigantes de toda sua obra. Marcada por uma série de procedimentos inovadores, a narrativa do escritor pernambucano é sustida pela presença de um espaço figurativo, portador de significados diversos. Por isso mesmo, esta apresentação tem por objetivo evidenciar o modo pelo qual os espaços são estruturados nas narrativas curtas de Osman Lins, atribuindo especial atenção para um tipo específico de espaço que Michel Foucault (2001) denominou de heterotopia – aqueles que são assinalados por múltiplas camadas de significação. Alguns procedimentos empregados por Lins (como técnicas de espelhamento, a trama labiríntica, os deslocamentos de sentido etc.) fazem com que o espaço delineado em sua obra se estabeleça entre a representação material e simbólica, entre o mundo observável e a ordem existente por trás das coisas. Para compor a análise do componente espacial, aqui também será investigado o conceito de espaço liso e espaço estriado, proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari (2012).

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